quinta-feira, 20 de julho de 2023

A voz da juventude: como o voto dos jovens em novos políticos pode mudar a política do país


POR: Genésio Oliveira EM 20 de julho de 2023 - Categoria: Brasil

Pela primeira vez em uma década, o alistamento de novos eleitores com idades entre 16 e 18 anos atingiu recorde no país. Estaríamos diante de um novo despertar político?

Longe da política tradicional, os jovens têm encontrado nas redes sociais a principal ferramenta de politização. “É impossível entender os jovens sem saber como vivem, como se socializam e como notam as redes. Porque ele vive a sociabilidade nas redes, aprende com elas e, quando fala ou aprende sobre política, é também nessas plataformas”, observa o ativista político Danilo Maciel. A consequência é a vivência da política como confronto, uma exigência crescente e cotidiana dos congressistas eleitos que, até então, não eram muito buscados.

A pesquisadora da UFPE Daniela Cardoso acredita que o voto juvenil é uma resposta a um contexto político que aos poucos se afasta e desloca a participação popular. “Embora o governo tenha práticas antidemocráticas e antisociais, os jovens pensam: ‘tudo bem, não vou participar aqui [da política institucional], mas vou dar minha resposta de alguma forma’”, observa. “E nestas respostas está essa janela de participação institucional por meio do voto.”

Um efeito dessa resposta potencial já foi visto nas campanhas dos candidatos que passaram a atrair os jovens. Tanto o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) quanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em esfera nacional, e Wilson Lima e Eduardo Braga na esfera estadual brigaram por um espaço nas redes sociais, buscando engajamento em plataformas como o Tik Tok, a rede de vídeos curtos favorita da geração nascida no meio de 1990 até o início de 2010.

Esse movimento é relevante para aproximar a política tradicional das causas defendidas pela juventude, como a defesa do meio ambiente, empregos e capacitação para jovens, combate a corrupção e etc. Os principais partidos são alheios a essas pautas e as instituições deveriam se abrir mais para as propostas de mudanças trazidas pelos mais novos. Ao mesmo tempo, é uma via de mão dupla no qual os jovens também têm que entender que para fazer política é preciso usar formas institucionais.

Embora ainda seja cedo para saber se teremos uma votação massiva da juventude, dá para ser otimista. As eleições municipais de 2024 vão ser marcantes e que essa juventude que hoje está engajada na luta pela democracia vai ter isso como traço definidor, o desafio será manter esse engajamento nas redes sociais e fazer a migração para votos nas urnas.

Texto: Danilo Maciel



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